AMAZÔNIA

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GENTE DA MESMA FLORESTA

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

“Vai aí um fuminho... ou um pozinho?”

Vai aí um fuminho... ou um pozinho?”
Roger Normando
            “O escândalo começa quando a polícia lhe dá um fim”, diz Karl Kraus, jornalista alemão. A referência é para o dia 25 de novembro de 2010, que entrou para história do Rio de Janeiro. Traficantes, após causarem pânico no asfalto, fogem da polícia que começa a ocupar o complexo do Alemão. O escândalo povoou manchetes de jornais do mundo inteiro. Na fuga, os bandidos deixaram armas, munições, meninas gestantes e uma reflexão mordaz sobre o uso de drogas.
Desde quando Neanderthal, os humanos buscam elixires naturais que os alegrem, inspirem, consolem, acalmem, estimulem, façam sonhar, e tirem as dores da alma. Assim nasceram maconha e cocaína - e tantos outros psicotrópicos -, com o objetivo de distanciar o homem da realidade frustrante que o enforca e entedia. A diferença entre o remédio e o veneno, nos aforismos de Hipócrates, é a dosagem, entretanto no seio da sociedade essa dosagem varia com o tamanho da hipocrisia entremeada nas alegrias, inspirações e sonhos mal definidos entre o traficante e o drogadito; o morro e o asfalto.
Mas como ser alegre, inspirador e sonhador sem ser hipócrita? Ou, como tirar as dores da alma sem precisar usar droga? Jamais pensei em achar resposta a esta pergunta, mas garimpando Ferreira Gullar, em Alguma parte alguma, dele achei o que queria: “A poesia é alquimia que transforma a dor em alegria estética. A Arte existe, porque a vida não basta!”
Para os anencéfalos que desconhecem o significado desta arte, o pensamento de Gullar é um estorvo, porém mal sabem que, como consumidores de droga, queimam seus neurônios desde adolescentes por desconhecerem o mais curto caminho para a esquizofrenia.
Uma vez instalado tais distúrbios passamos a rejeitar o doente e tê-lo como produto de uma sociedade desvairada em que o principal culpado é o traficante do complexo do Alemão, que passa a ser mira do Estado. Não só o Capitão Nascimento, mas o próprio Estado sabe que o traficante guarda a soberba num crucifixo de ouro porque os artistas e intelectuais entendem que fumar um baseado ou dar uma cheiradinha não vai virar a pá de ninguém. Ledo engano confeitado com o mais puro cinismo. São esses que começam a consumir desvairadamente e depois se tornam os doentes mentais que destroem famílias, arrasam lares e destroçam futuros... e nós continuamos a despejar a nossa ira para o Morro do Alemão.
Esta cadeia alimentar do tráfico é a centelha que gera a maior violência dos dias atuais, sem poupar os mais pobres e desavisados. Rouba-se, estupra-se, pisoteia-se, assalta-se, fere-se ou mata-se à queima roupa, em plena luz do dia, para pagar o débito. Não obstante, entre os afortunados, diversos artistas e intelectuais ficam apregoando uma espécie de "basta à violência", em que os próprios são consumidores de fuminhos e pozinhos, retro-alimentando a robusta e faminta cadeia do crime e do narcotráfico, em que estes são atores sociais medíocres, mas insistem em se passar por inocentes.  Durante shows, alguns ainda pedem “paz ao mundo, não às guerras” com voz angelical e posando de pop; cantam o clamor pela África aidética e desnutrida (we are the world, we are the children...) com um apelo lacrimoso, mas nos camarins injetam LSD e propofol em suas veias.
Salve a arte de Ferreira Gullar que nebuliza os pulmões, entorpece o encéfalo, abre corações, cura a dor estética e agita o meu e o teu tédio Neanderthalista.

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SEJAM BEM VINDOS(AS) AO MEU"CANTO"

"Sejam bem vindos todos e todas que se importam com os outros, que se inquietam e manifestam suas inquietações, todos e todas que acharem que podem fazer a diferença... Quem sabe fazendo diferente... Todos e todas capazes de se emocionar com uma canção... Com a sutileza da beleza de uma flor... Todos e todas que acreditam na força verdadeira do amor"