AMAZÔNIA

AMAZÔNIA
GENTE DA MESMA FLORESTA

terça-feira, 30 de junho de 2009

Meu endereço!!!


Amigos, este texto saiu na agenda da Caixa Economica Federeal 2009, juntamente com outros de poetas e escritores de todas as capitais brasileiras. Essa é uma edição comemorativa da tradicional agenda "Brinde" de fim de ano da caixa, e coube a este humilde cidadão a tarefa de descrever o nosso endereço, o que fiz com muita emoção!

MEU ENDEREÇO!
Nosso Forte São José de Macapá como quem opera um parto, abre os braços manhãzinha para receber o sol que o majestoso Rio mar acaba de parir. Assim nascem os dias na capital do Estado do Amapá, situada à margem esquerda do Rio Amazonas, dividida pela linha do equador, portal de entrada para a descoberta de um povo hospitaleiro, que ainda guarda com pureza características de seus ancestrais.
E quem somos nós afinal? Somos Índios, Negros e Brancos, com todos os traços culturais advindos dessas etnias, literalmente misturados e refletidos no nosso cotidiano. Traços que nascem através das maravilhosas mãos das parteiras tradicionais, do extrativismo da Castanha do Brasil, do encontro dos tambores de Batuque, Marabaixo, Zimba e Sahirê. Traços que se solidificam nas mãos das mulheres louceiras do Maruanum, ecoam mundo afora através da música do Senzalas e tantos outros maravilhosos expoentes da arte de traduzir em música os nossos sentimentos.
Traços que rodopiam além das nossas fronteiras nos pés de bailarinos que fazem sucesso na Europa e integram o mundialmente respeitado Balé Bolshoi. Traços de um Amapá que se reflete em obras pintadas com resina de açaí e num maravilhoso artesanato com características muito próprias, que singra os rios rumo ao futuro nas canoas do povo do Bailíque.
Nossa herança Tucuju, se manifesta em nossos hábitos alimentares e no nosso comportamento ribeirinho. Mas vão além os nossos afluentes étnicos, a força de nossa afro-descendência, cadencia os nossos passos em volta da roda em forma de mandala, nas festas de Marabaixo e Batuque do nosso Curiaú. Do Oiapoque ao Jarí, nossa identidade eminentemente Amazônica, revela-se no estrondo da pororoca, desliza veloz nas revoltas águas da Cachoeira Grande do Amapá e precipita-se vertiginosa da cachoeira de Santo Antônio em Laranjal do Jarí. Nosso céu que se transforma em arco-íris com a revoada dos guarás no Goiabal é o mesmo que cobre o manto esmeralda das florestas do parque do Tumucumaque. Florestas que abrigam sob seu frondoso verde, fauna e flora inestimável.
A lenda do Tarumã de Calçoene alça vôo com o cordão de pássaros do Amapá e lança-se ao Araguari na imaginação fértil do poeta. O Vominê na festa de São Tiago em Mazagão, a luta entre Mouros e cristãos contada a céu aberto, o Zouk Love, dançado em Oiapoque, fronteira entre Brasil e a Guiana Francesa, revelam flashes da historia dos povos que pra cá vieram mar a baixo nos porões dos navios negreiros.
O Amapá é uma colcha de retalhos, um misto dos tantos Brasis que o Brasil ainda está por descobrir. Hoje, temos um pouquinho de gente de cada canto desse país continental, contribuindo cada um à sua maneira para a construção do que vemos refletido no espelho, a nossa identidade.
Este lugar de cores e de sonhos ainda tão possíveis, de tantos saberes e crenças populares, de bela e calorosa gente, é o meu endereço, o meu lugar, este é o meu Estado do Amapá.
Zé Miguel

GLOSSÁRIO

Zimba, Saihrê, Batuque e Marabaixo – Folclore do Amapá
Maruanun- Comunidade do município de Macapá
Bailíque – Arquipélago que faz fronteira com o Estado do Pará
Tucuju – Povo Indígena ao qual se credita a condição de ancestrais dos primeiros habitantes do Amapá
Curiaú – Comunidade remanescente de Quilombo AP
Tarumã- Lenda do folclore popular do Amapá
Vominê- Gênero musical cantado na Festa de São Tiago (município de Mazagão)
Zouk love- Gênero musical característico das Guianas Francesas

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ai vai mais uma obra cifrada!


Meu endereço
Zé Miguel e Fernando Canto
Intro- G C G C A74 C G
G A7
Meu endereço é bem fácil
C G
É ali no meio do mundo
Em c
Onde está meu coração
A7
Meus livros, meu violão
D7 D
Meu alimento fecundo
Em C
A casa por onde paro
D G
Qualquer carteiro conhece
Em A7
É feita de sonho e linha
C D
Que brilha quando anoitece
Em C
Na minha casa se tece
D G
Mesura na luz do dia
Em A7
Pra afugentar quebranto
C D G
Na hora da fantasia
Am
É fácil o meu endereço
D7 G D/F#
Vá lá quando o sol se por
Em C
Na esquina do rio mais belo
D G
Com a linha do equador

sábado, 20 de junho de 2009

MUSICA CIFRADA!

Eu sou sempre muito cobrado em relação a publicação de minhas musicas cifradas para violão e outros instrumentos, por isso, resolvi postar aqui uma letra a cada 15 dias para que todos possasm ter acesso!
Vamos começar com essa aqui!

PÉROLA AZULADA
Zé Miguel e Joãozinho Gomes
G C/G G C/G G
C
Já aprendi voar
G
Dentre de você
D/F# Em
Ancorar no espaço
C
Ao sentir cansaço
G C/G G C/G
Ossos da jornada
C
Já aprendi viver
G
Como vive nu
D/F# Em
Um cacique Arara
C
Cultivando aurora
G
Luz de sua tiara
Em
Eu amo você
C
Terra minha amada
G
Minha oca meu iglu
D
Minha casa
Em
Eu amo você
C
Perola azulada
G
Conta no colar de Deus
D
Pendurada
C Em G Em G
A benção minha mãe
C
Já aprendi nadar
G
Em seu mar azul
D/F# Em
Adorar a água
C
Homem peixe água
G C/G G C/G
Fonte iluminada
C
Já aprendi a ser
G
Parte de você
D/F# Em
Respeitar a vida
C
Em sua barriga
G
Quantos mais vão aprender
Em
Eu amo você...

PROFISSÃO CULTURA discussão urgente!!!!!


Sinto que se torna cada vez mais necessário e urgente, discutirmos de maneira madura e inteligente o movimento cultural no Amapá. Essa necessidade se manifesta a todo instante, e vem sendo empurrada para debaixo do tapete por nós mesmos há tempos.
Nesse ponto da conversa é possível que alguém já esteja Pensando ”xii!! La vem ele com esse papo de política do PSB”. Mas quero deixar claro a todos, que não faço outra coisa senão manifestar minhas verdadeiras preocupações com os rumos que esse movimento toma a cada dia. Sou um profissional da música, sobrevivo da música e, em função disso, tenho me deparado com as mais inusitadas situações.
Outro dia, em conversa com algumas funcionárias da Prefeitura de Macapá, sobre as tarifas cobradas para os autônomos, categoria na qual nos enquadramos e que classifica o músico como nível médio, estabelecendo uma taxa abaixo de quem tem nível superior, uma das funcionarias me saiu com a seguinte brincadeira. “Vocês deviam pagar como nível superior, afinal vocês são profissionais”. Respondi a ela da seguinte forma: “O engraçado, é que quando se trata da gente pagar alguma coisa nos consideram profissionais, mas quando se trata de pagarem pra gente... Ai somos amadores... E da mais baixa categoria!”
Precisamos acabar com esse tipo de discriminação, mas quando falo isso, não me refiro apenas a cobrar das pessoas o respeito que merecemos, mas acima de tudo de merecermos verdadeiramente esse respeito. Como??? Posicionando-nos sempre como profissionais que somos. Apresentando um serviço de qualidade e cobrando aquilo que é justo, não permitindo às instituições públicas que determinem o quanto valemos por exemplo. E por falar em instituição pública, esse é outro assunto que precisa ser discutido a sério. Precisamos urgentemente mudar o tipo de relação com essas entidades.
Agora, possivelmente estarão pensando. “La vai ele meter o pau no governador”. Mas não é isso o que pretendo. Acho que precisamos romper com essa relação paternalista que temos levado até então, isso faz com que a instituição se sinta no direito de determinar quanto valemos, e essa avaliação é sempre muito abaixo, principalmente se comparada ao tratamento dado a artistas de fora quando aqui chegam.
Quanto ao Governador, ao contrário do que possam estar pensando, não vejo com maus olhos a sua atuação no tocante ao nosso hoje fraco movimento. Como na gestão do Capi, tenho testemunhado em varias situações, o interesse direto do gestor em botar recursos para desenvolver nossas atividades. O que falta hoje e faltou também na gestão do Capi, é que os produtores culturais se reúnam entre si e com representantes das instituições, e façam um planejamento lógico e viável, visando alcançar resultados a curto, médio e longo prazo. Como fazer isso?
Fortalecendo profissionalmente a categoria, através da informação, formação, apoio a produção com redução gradativa da ajuda pública na medida em que os resultados forem aparecendo;
Divulgação em Caráter nacional, mas partindo do fortalecimento de uma base local, visando alcançar a Amazônia e a seguir o país;
Cuidar, essencialmente, do resgate e da preservação da memória do bem material e imaterial, para que não percamos com o tempo a nossa identidade.

Se fizermos isso, ações de sensibilidade, como as do Capi no passado e hoje do Waldez, para financiar uma atividade que quase sempre é relegado a planos inferiores, o que não devia, pois se trata da essência humana e determina quem somos. Terão com certeza resultados mais animadores.
Sair da tutela do Estado, no entanto, não significa abrir mão do apoio público, significa usar de maneira cuidadosa e com objetivos coletivos e sérios, um recurso que é de todos, portanto, não pode ser utilizado para o crescimento particular de alguns, enquanto outros vêem morrer à míngua os seus sonhos.
Se planejarmos, poderemos com certeza ter acesso inclusive a uma fatia maior do orçamento público. Vejo a necessidade premente de despolitizarmos a discussão sobre cultura, para que possamos avançar de verdade. É claro que créditos devem ser dados a quem de direito. Se gestor “A” ou “B” promoveu ações benéficas à sociedade cultural e seu desenvolvimento, deve receber da historia o tratamento devido, seja ele de que cor partidária for. Da mesma forma que os produtores culturais são merecedores do apoio público, independente das ideologias que defendam.
A cultura, e eu me refiro aqui com maior conhecimento de causa a música, é uma atividade que gera emprego e renda, tem impacto positivo no PIB. Além de fazer circular riqueza, atua positivamente no equilíbrio emocional da sociedade. Portanto, precisa ser vista com a importância devida, garantindo assim aos seus atores, a possibilidade do reconhecimento profissional, o que irá permitir que vivam com dignidade com o retorno financeiro da profissão que escolheram, que sejam dignos de receber os justos dividendos por seus esforços e que a comunidade possa olhar pra nós, da mesma forma que olha para o Engenheiro, para o Carpinteiro, para o Pedreiro, para o Professor e tantos outros profissionais.
Lembro aqui de uma coisa curiosa. Ninguém pede canja, para o Pedreiro, para oengenheiro, ninguém pede uma palhinha para o Professor, para o Carpinteiro... Porque é então, que todo mundo acha que o músico tem obrigação de dar canja?... Ou... Palhinha? Isso não é interessante?
Contudo, volto a afirmar que parte da culpa para tais atitudes, parte da nossa própria postura diante da sociedade. Mas, acho que já falei de mais, estou aqui levantando a necessidade de discutirmos vários assuntos de nosso interesse e já estou me arvorando a definições individuais e prematuras, me perdoem a ansiedade caros amigos, a principal intenção aqui é provocar o debate, portanto, “que comecem os jogos rsrsrsrs”. Fiquem à vontade para comentar!
Um abraço a todos!

SEJAM BEM VINDOS(AS) AO MEU"CANTO"

"Sejam bem vindos todos e todas que se importam com os outros, que se inquietam e manifestam suas inquietações, todos e todas que acharem que podem fazer a diferença... Quem sabe fazendo diferente... Todos e todas capazes de se emocionar com uma canção... Com a sutileza da beleza de uma flor... Todos e todas que acreditam na força verdadeira do amor"