A frase “Eu não vejo graça
em outras coisas como vejo em cantar”, pronunciada por Elis Regina no auge
de sua carreira, exprime bem o jeito de ser desse ícone da musica amapaense.
Primogênito de uma família de 06 irmãos, Zé Miguel optou pela carreira musical
desde muito cedo.
- Eu comecei a cantar na Igreja Evangélica. Freqüentava os cultos
dominicais e soltava a voz cantando hinos de louvores a Deus – conta o cantor.
A voz bem afinada encantava os fieis e, em pouco tempo, o pequeno
artista era um dos preferidos para subir ao púlpito da igreja.
O tempo passou e Zé Miguel cresceu buscando realizar o sonho de se
tornar um grande guitarrista e acabou por participar de varias bandas de baile
onde se desenvolveu bastante no instrumento que sempre sonhara “a guitarra
elétrica”. Paralelo a isso, começou a exercitar o hábito de compor suas
próprias canções, inicialmente com a intenção de participar dos festivais da
época, depois tomou gosto pela coisa e seguiu adiante.
A partir daí Zé Miguel começou a
colecionar vitórias, gravou seu primeiro disco, ainda na era do vinil, em 1991,
intitulado Vida boa, em 1996 lançou Planeta Amapari, Junto com os
compositores Val Milhomem e Joãozinho Gomes, 1998 lançou Lume, O segundo da
carreira solo, 1999 gravou o Dança das
Senzalas, com o Quarteto Senzalas, do qual fez parte por um período de
aproximadamente quatro anos, em 2000, lançou na Alemanha e na França ainda com
o quarteto a coletânea que acabou por se chamar também Planeta Amapari, no mesmo ano, algumas de suas obras fizeram parte
da coletânea Brasil 500 anos de Groove,
também lançada simultaneamente na Alemanha e na França, ambas pela gravadora
Alemã Ganzer Hanker GMBO. Em 2002 lançou o Cd Zé Miguel acústico, do qual fazem parte as músicas Pérola azulada e Vida boa, os dois
maiores sucessos de toda a sua carreira, em 2004 lançou o CD Quatro ponto zero e em 2005, motivado
pela dolorosa perda de seu amado Filho Marco Kayke, vítima de violento acidente
de trânsito, lançou o Cd Uma balada para
Kayke. Zé Miguel também participa dos CDs Movimento Costa Norte, lançado em
1994 e Cancioneiros do Meio do Mundo, lançado em 2006, seu primeiro DVD intitulado
MEU ENDEREÇO, foi lançado em Macapá em janeiro de 2008 e levou o artista a uma
seqüência de shows realizados em Abril e Maio em todo o território Amazônico.
Neste mesmo ano,
ainda no primeiro semestre foi lançado o DVD GENTE DA MESMA FLORESTA, gravado
em São Paulo no ano de 2006 no espaço Itaú Cultural. Este DVD reúne algumas das
maiores expressões musicais da Amazônia uma experiência que veio para consolidar um mercado no território Nacional
que dê visibilidade a sua vasta produção, vale a pena conferir.
Entre 2006 e
2003 o artista lançou a coletânea de obras intitulada ZÉ MIGUEL COLEÇÃO e em
seguida lançou um CD de registro de novas composições, por serem gravações
caseiras. Chamou-se ZÉ MIGUEL FEITO EM CASA, em 2013 lançou O CD AMAZÕNIA NA VEIA, que traz participação
de importantes cantores e compositores da Amazônia como, Eliakin Rufino de
Roraima, Célio Cruz do Amazonas, Zezinho Maranhão e Binho de Rondônia. O CD foi lançado em outubro de 2013 com um
grande show em Macapá.
O Amazônia na
veia foi também o start para a criação do Projeto Conexão Amazônia, projeto de
intercâmbio entre artistas da Amazônia que teve a primeira de suas cinco
edições já realizadas em 2015, com participação do Cantor e compositor Nilson
Chaves do Pará, a edição mais recente aconteceu no dia 03 de fevereiro em Manaus,
onde Zé Miguel foi o convidado da Cantora Karine Aguiar, que esteve
participando da quarta edição do projeto em Macapá em 2017.
Em 2017, a
convite da Prefeita do Município de Pedra Branca do Amapari, gravou um
importante vídeo clip da música pérola azulada, que teve como ponto forte a
participação dos índios da etnia Wajãpi. Esse trabalho teve grande destaque na
mídia e abriu portas para a gravação de série de outros vídeos, entre eles, o
clipe da música A ponte, parceria de Zé Miguel e a cantora Guianense Roseline
Jersier, atualmente em fase de edição, com lançamento previsto para abril de
2018.
Val Milhomem, e
Joãozinho Gomes AP - PA
No inebriante afã de conceber
canções, nossas almas se misturam e deságuam feito rios de amor e magia para um
futuro que ainda não sabemos, contudo, o ato de parir poesia é refugio, nesse
ato, somos uno mesmo quando somos mil.
Osmar Junior AP
As vezes não chegamos a compor
juntos, parceria é dividir e multiplicar, as vezes só dividimos o palco em
algum show, mas os parceiros deixam marcas que se perpetuam em nossas historias
comuns, marcas que sempre acrescentam algo mais de bom.
Salomão Habib
Salomão, músico magnífico e grande amigo.
Amadeu
Cavalcante
Parceria duradoura e boa como a foto, ou melhor, “retrato”.
Zé e Nilson
Chaves
O Nilson traz consigo o cheiro do
Pará, cheiro cheio de terra e de gente, gente como Pedrinho Calado, Marco
Monteiro, Lucinha Bastos, Marco Campelo, Dudu Neves Pedrinho Cavalero, e Tantos
outros grandes Músicos, grandes amigos e grandes parceiros.
Marco Antonio Franco
Mais um franco coração de poeta
Paraense, esse além de parceiro virou irmão, o que me leva a pensar... A
parceria acaba mesmo nos tornando meio parentes.
Somos sempre muitos, nessas
páginas com certeza não caberiam todos, afinal, nesse nosso universo, a
promiscuidade é absolutamente permitida, quanto mais parceiros tenho mais feliz
e mais completo sou.
Aqui no Amapá ainda tenho
Fernando Canto, determinando o nosso endereço, no Estado do Amazonas tenho
Célio Cruz, Zote e Antonio Pereira, no Estado de Roraima tenho Eliakin Rufino,
Zeca Preto, Neuber Uchoa e Halisson Christian e Junior Cassari, no Estado do
Acre tenho Graça Gomes , Paulo Arantes e Sergio Souto, Maracimone e Élson
Martins, no Estado de Rondônia tenho Bado
e Wania Beatriz, no Tocantins tenho Marcos Ruas.
Cada parceiro representa um porto
seguro em seu torrão, uma porta aberta para o livre caminho da música e da
poesia, cada um canta sua gente e sua paisagem, e todos juntos cantamos a
Amazônia, cuidando para não passarmos despercebidos na trajetória da historia
deste imenso Brasil.
“Todo artista tem de ir aonde o
povo está”
A frase do compositor popular
revela uma realidade historicamente imutável, contudo, quando esse caminho se
inverte, provoca no artista uma agradável sensação, a de ter certeza de não ser
apenas uma voz clamando no deserto.
Ao longo de sua trajetória, Zé
Miguel foi por duas vezes tema de Enredo do Carnaval macapaense, a primeira foi
em 1999, na companhia dos parceiros Joãozinho e Val Milhomem. A homenagem veio
através da Escola de Samba Piratas da Batucadas, que desfilou com o tema, “Uma viagem fantástica ao imaginário planeta
amapari” Cd lançado em 1996.
A segunda foi em 2003, pela
Escola Jardim felicidade, que desfilou com o tema “Zé Miguel, a vida boa no
lumear da perola azulada”
“Foram dois momentos mágicos - comenta o artista - ver todas aquelas pessoas nas arquibancadas da
avenida do samba em Macapá, aplaudindo e gritando o nome da gente é algo pra
não se esquecer nunca mais”
No Estado do Amapá o artista é,
reconhecidamente, um dos mais lembrados e amados pela população. Prova disso
está nos vários prêmios que recebeu, alguns fundamentados em pesquisa popular.
Prêmio Nossa gente - Troféu Julio Pereira 2005 e 2006
Categoria melhor e mais lembrado
cantor
Prêmio UECSA – 2002 e 2005
Categoria de cantor mais lembrado
pela classe estudantil
Prêmio Destaque Cultural
- 2002
Conferido pela Comunidade
Quilombola Mel da Pedreira
Prêmio Sated – 2003 e 2005
Melhores do ano na opinião dos
artistas amapa
SEMINARIOS E PROJETOS
Zé é também um artista que vê no coletivo as
soluções para o desenvolvimento da produção e da cadeia produtiva da cultura,
por isso é participante ativo das atividades pro desenvolvimento artístico
cultural.
2003 – Participou ativamente do seminário de cultura
da Amazônia em Belém do Pará.
2004 – Participou ativamente, inclusive da
organização do primeiro Fórum de Cultura do estado do Amapá
2005 _ Participou da expedição do Navegar
Amazônia, “ponto de cultura flutuante do MINC” ao interior do Pará, desenvolvendo
oficinas no campo de reconhecimento das afinidades culturais entre povos afro
descendentes, ribeirinhos
2006 _ Participou das gravações do DVD “Gente
da mesma floresta” com vários artistas da Amazônia, no instituto Itaú Cultural
em São Paulo
2007 _ Participou da Feira de música de
Fortaleza
2007 _ Participou do projeto Acorde
brasileiro, promovido pelo SESC do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, no
período de 28 de Novembro a 01 de dezembro – Projeto que reúne a música de
todas as regiões do país e debate os mecanismos de produção e divulgação dessa
música, bem como os eu acesso ao mercado e a mídia.
De Janeiro de 2011 a abril de 2013, comandou
a Secretaria de Cultura do Estado do Amapá, entre as varias ações, se destacam:
a introdução da política de Editais, a participação decisiva do Amapá no Fórum Nacional
de Secretários de Cultura, produzindo resultados importantes como o Edital de
cultura da Amazônia lançado recentemente com recursos colocados pela Vale do
Rio Doce, objetivando corrigir parte das distorções do processo de distribuição dos recurso Federais para
apoio a produção cultural em todo o País, mas deixando os Estados mais pobres e
mais distantes como os da região Norte viverem de migalhas, enquanto as regiões
Sul e Sudeste levam a quase totalidade dos recursos.