AMAZÔNIA

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GENTE DA MESMA FLORESTA

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O MEU ZÉ!


Era uma ruazinha sem pavimentação, na verdade, não tinha nem traçado definido. Serpenteava por entre o conglomerado de, casas na sua maioria construídas em madeira. Esta falta de traçado se devia ao fato de que a maioria dos moradores jogava o lixo no meio da rua, além das limpezas da prefeitura, mais ou menos uma vez por ano, que não iam além da passagem de uma máquina daquelas de raspar terra que só raspava e não retirava o entulho, o mesmo virava companhia para o lixo domestico e passava a fazer parte da paisagem. Triste paisagem.
Poucos carros circulavam por ali, na verdade poucos carros circulavam na cidade, tinha-mos uma frota realmente pequena de veículos auto motivos. Os poucos carros que circulavam por lá pertenciam a alguns poucos moradores que tinham uma situação financeira um pouco mais elevada, na sua maioria funcionários públicos. Isso dava à nossa ruazinha um ar bastante tranquilo. Nos fins de tarde, a garotada aproveitava as partes mais largas do caminho dos carros, que ia desviando dos montes de entulho aqui e ali , montavam duas traves pequenas para não Terem que escalar goleiros no time e pronto, estava armada a sagrada pelada do fim do dia. Ali rolava de tudo, até mesmo algumas pequenas escaramuças entre um ou outro peladeiro mais afoito, mas normalmente tudo se resolvia na base da conversa e tudo ficava bem .
Eu nunca aprendi a jogar bola, portanto ficava sempre no lugar favorito que a torcida. Era de lá que eu via meu segundo irmão, alguns dos meus amigos da rua e vários garotos vindos das outras ruas próximas, garotos que só conhecia-mos de vista, por isso, na falta dos nomes havia uma espécie de código ou codinome comum a todos os desconhecidos, atitude que era compartilhada por todo mundo. Esse codinome era ‘’ Zé’’. Era um tipo de acordo tático respeitado religiosamente por todos. Todo mundo era Zé e Zé era todo mundo.
O mesmo acontecia nas outras brincadeiras, como os jogos de peteca (bolas de gude), de caroço, onde caroços de tucumã e mucajá eram utilizados a guisa de bolas de gude, e os jogos de carteira, onde usávamos embalagens de várias marcas de cigarros como uma espécie de dinheiro. Lembro-me ainda hoje dos valores que atribuía-mos a cada uma das embalagens. As de Arizona valiam 5, as de continental valiam 10 , as de holiwood valiam 20, as de charm valiam 50 .Haviam algumas outras marcas de valores mais altos que não me recordo mais. O importante é que em todas essas brincadeiras o código do desconhecido gente boa era utilizado com anuência de todas as partes.
No dia em que tive que optar por um nome artístico, me lembrei de todas essas coisas, somei ao fato de que na minha família, todo mundo me chamava de Miguel, com exceção da minha Avó materna , que sempre me chamava de Zezinho . Então pensei, porque não ZÉ MIGUEL? E assim eu fui batizado artisticamente.
Hoje sou ZÉ MIGUEL com muito orgulho, porque no meu entendimento ZÉ é ninguém e é todo mundo ao mesmo tempo, e é assim que eu me defino como artista e como cidadão.

SEJAM BEM VINDOS(AS) AO MEU"CANTO"

"Sejam bem vindos todos e todas que se importam com os outros, que se inquietam e manifestam suas inquietações, todos e todas que acharem que podem fazer a diferença... Quem sabe fazendo diferente... Todos e todas capazes de se emocionar com uma canção... Com a sutileza da beleza de uma flor... Todos e todas que acreditam na força verdadeira do amor"