AMAZÔNIA

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GENTE DA MESMA FLORESTA

sábado, 20 de junho de 2009

PROFISSÃO CULTURA discussão urgente!!!!!


Sinto que se torna cada vez mais necessário e urgente, discutirmos de maneira madura e inteligente o movimento cultural no Amapá. Essa necessidade se manifesta a todo instante, e vem sendo empurrada para debaixo do tapete por nós mesmos há tempos.
Nesse ponto da conversa é possível que alguém já esteja Pensando ”xii!! La vem ele com esse papo de política do PSB”. Mas quero deixar claro a todos, que não faço outra coisa senão manifestar minhas verdadeiras preocupações com os rumos que esse movimento toma a cada dia. Sou um profissional da música, sobrevivo da música e, em função disso, tenho me deparado com as mais inusitadas situações.
Outro dia, em conversa com algumas funcionárias da Prefeitura de Macapá, sobre as tarifas cobradas para os autônomos, categoria na qual nos enquadramos e que classifica o músico como nível médio, estabelecendo uma taxa abaixo de quem tem nível superior, uma das funcionarias me saiu com a seguinte brincadeira. “Vocês deviam pagar como nível superior, afinal vocês são profissionais”. Respondi a ela da seguinte forma: “O engraçado, é que quando se trata da gente pagar alguma coisa nos consideram profissionais, mas quando se trata de pagarem pra gente... Ai somos amadores... E da mais baixa categoria!”
Precisamos acabar com esse tipo de discriminação, mas quando falo isso, não me refiro apenas a cobrar das pessoas o respeito que merecemos, mas acima de tudo de merecermos verdadeiramente esse respeito. Como??? Posicionando-nos sempre como profissionais que somos. Apresentando um serviço de qualidade e cobrando aquilo que é justo, não permitindo às instituições públicas que determinem o quanto valemos por exemplo. E por falar em instituição pública, esse é outro assunto que precisa ser discutido a sério. Precisamos urgentemente mudar o tipo de relação com essas entidades.
Agora, possivelmente estarão pensando. “La vai ele meter o pau no governador”. Mas não é isso o que pretendo. Acho que precisamos romper com essa relação paternalista que temos levado até então, isso faz com que a instituição se sinta no direito de determinar quanto valemos, e essa avaliação é sempre muito abaixo, principalmente se comparada ao tratamento dado a artistas de fora quando aqui chegam.
Quanto ao Governador, ao contrário do que possam estar pensando, não vejo com maus olhos a sua atuação no tocante ao nosso hoje fraco movimento. Como na gestão do Capi, tenho testemunhado em varias situações, o interesse direto do gestor em botar recursos para desenvolver nossas atividades. O que falta hoje e faltou também na gestão do Capi, é que os produtores culturais se reúnam entre si e com representantes das instituições, e façam um planejamento lógico e viável, visando alcançar resultados a curto, médio e longo prazo. Como fazer isso?
Fortalecendo profissionalmente a categoria, através da informação, formação, apoio a produção com redução gradativa da ajuda pública na medida em que os resultados forem aparecendo;
Divulgação em Caráter nacional, mas partindo do fortalecimento de uma base local, visando alcançar a Amazônia e a seguir o país;
Cuidar, essencialmente, do resgate e da preservação da memória do bem material e imaterial, para que não percamos com o tempo a nossa identidade.

Se fizermos isso, ações de sensibilidade, como as do Capi no passado e hoje do Waldez, para financiar uma atividade que quase sempre é relegado a planos inferiores, o que não devia, pois se trata da essência humana e determina quem somos. Terão com certeza resultados mais animadores.
Sair da tutela do Estado, no entanto, não significa abrir mão do apoio público, significa usar de maneira cuidadosa e com objetivos coletivos e sérios, um recurso que é de todos, portanto, não pode ser utilizado para o crescimento particular de alguns, enquanto outros vêem morrer à míngua os seus sonhos.
Se planejarmos, poderemos com certeza ter acesso inclusive a uma fatia maior do orçamento público. Vejo a necessidade premente de despolitizarmos a discussão sobre cultura, para que possamos avançar de verdade. É claro que créditos devem ser dados a quem de direito. Se gestor “A” ou “B” promoveu ações benéficas à sociedade cultural e seu desenvolvimento, deve receber da historia o tratamento devido, seja ele de que cor partidária for. Da mesma forma que os produtores culturais são merecedores do apoio público, independente das ideologias que defendam.
A cultura, e eu me refiro aqui com maior conhecimento de causa a música, é uma atividade que gera emprego e renda, tem impacto positivo no PIB. Além de fazer circular riqueza, atua positivamente no equilíbrio emocional da sociedade. Portanto, precisa ser vista com a importância devida, garantindo assim aos seus atores, a possibilidade do reconhecimento profissional, o que irá permitir que vivam com dignidade com o retorno financeiro da profissão que escolheram, que sejam dignos de receber os justos dividendos por seus esforços e que a comunidade possa olhar pra nós, da mesma forma que olha para o Engenheiro, para o Carpinteiro, para o Pedreiro, para o Professor e tantos outros profissionais.
Lembro aqui de uma coisa curiosa. Ninguém pede canja, para o Pedreiro, para oengenheiro, ninguém pede uma palhinha para o Professor, para o Carpinteiro... Porque é então, que todo mundo acha que o músico tem obrigação de dar canja?... Ou... Palhinha? Isso não é interessante?
Contudo, volto a afirmar que parte da culpa para tais atitudes, parte da nossa própria postura diante da sociedade. Mas, acho que já falei de mais, estou aqui levantando a necessidade de discutirmos vários assuntos de nosso interesse e já estou me arvorando a definições individuais e prematuras, me perdoem a ansiedade caros amigos, a principal intenção aqui é provocar o debate, portanto, “que comecem os jogos rsrsrsrs”. Fiquem à vontade para comentar!
Um abraço a todos!

2 comentários:

Unknown disse...

Zé, te admiro por ser tão criativo e original em suas canções, canções essas que fazem muitos amapaenses serem seus eternos fãs- assim como eu, que chego a chorar quando as ouço, de tão belas que são.

Anônimo disse...

gostei, fazendo um trabalho de sociologia te encontrei Zé. sou do R.N.

SEJAM BEM VINDOS(AS) AO MEU"CANTO"

"Sejam bem vindos todos e todas que se importam com os outros, que se inquietam e manifestam suas inquietações, todos e todas que acharem que podem fazer a diferença... Quem sabe fazendo diferente... Todos e todas capazes de se emocionar com uma canção... Com a sutileza da beleza de uma flor... Todos e todas que acreditam na força verdadeira do amor"